“Recuámos aos anos 40. Com um brilhozinho nos olhos, próprio de quem passou alguns dos dias mais felizes da sua vida junto ao rio, o guardador de rebanhos lá nos foi falando das levadas que transportavam a água do pego para o moinho.”

Os moinhos do Rio Almansor possuem um significativo valor histórico e social, refletindo a dinâmica da vida rural portuguesa, especialmente entre os séculos XVIII e XIX. Nas suas memórias paroquiais de 1758, Padre Pedro Botelho do Valle menciona a existência de 28 moinhos de água, distribuídos aos dias de hoje por 4 freguesias do Concelho de Montemor-o-Novo, sendo que destes apenas 26 estão localizados no terreno*.
Estes moinhos foram fundamentais para a moagem de cereais panificáveis, maioritariamente o trigo e o centeio e, em menor proporção, o milho, desempenhando um papel crucial na produção de farinha, alimento básico da população.
Socialmente, os moinhos representavam uma infraestrutura vital para as comunidades locais, sendo muitos de propriedade coletiva ou pertencentes a famílias que deles dependiam para a sua subsistência e actividade económica.





* Os moinhos do Rio Almansor no Concelho de Montemor-o-Novo : Um património a conhecer, preservar e valorizar, Fernanda Mendes, dissertação de 2009.